Quer percorrer a estrada mais perigosa do mundo e viver para contar a história? separei algumas dicas para você dirigir nessa estrada de ponta a ponta.

Você talvez já tenha ouvido falar da “Carretera Yungas”, “Camino a los Yungas” ou ” Yungas Road” localizada nos Andes Bolivianos. Ela fica a 4.700mts de altitude e a 1h de carro da capital La Paz. Esta estrada ganhou o título de “Estrada mais perigosa do mundo” na década de 90 do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Na época eram registradas cerca de 300 mortes por ano. A estrada toda de terra tem apenas 3 metros de largura para passar dois carros, sua extensão é de 64 km com penhascos de centenas de metros sem proteção alguma, ou seja não pode haver erros e para “ajudar” é o único lugar na América do sul que se usa a mão inglesa. Algumas dicas poderão te ajudar a percorrer o caminho com um pouco mais de segurança e te trazer de volta para contar como foi essa experiência.

Mas antes vou contar um pouco sobre a história da estrada:
A estrada foi construída em 1930 durante a Guerra do Chaco, por paraguaios prisioneiros. É uma das poucas rotas que liga a Floresta Amazônica região do norte da Bolívia, ou de Yungas como é chamado o local, à cidade de La Paz. O Norte da “Carretera Yungas” deixa a cidade mais alta do mundo e segue até a cidade de Coroico a 64 km a nordeste de La Paz. A “Carretera Yungas”, entre os quilômetros 51 e 59, nas proximidades de SAN JUAN, apresenta o trecho mais assustador de todas as estradas do mundo, é relatado por ter um acidente fatal a cada duas semanas, todos os anos pessoas despencam montanha abaixo. Em 2007 o governo Boliviano construiu uma nova estrada, asfaltada ligando os mesmos pontos denominada de “Sur Yungas”. De lá para cá a “verdadeira” Carreteira Yungas se transformou em atração turística seja por viajantes de carro ou por Mountain Bikers a procura de fortes emoções. Há registros que 20 ciclistas já perderam a vida para a estrada.
Dicas:
DOCUMENTAÇÃO:
Para quem quiser encarar a estrada saiba que antes de tudo a dificuldade se inicia ao atravessar a fronteira (Brasil – Bolívia). Se você estiver entrando por Corumbá/MT, além da Carta Verde (obrigatória) é necessário o preenchimento e validação de um outro documento de entrada do veículo a Declaración Jurada de Ingreso y Salida de Vehículos de Uso Privado fornecido na hora, NÃO atravesse sem ele, existe uma má-fé por parte de alguns policiais autorizando verbalmente a entrada, para logo após, ao entrarem no país, no próximo posto policial eles aplicarem uma multa e apreenderem o veículo, alegando que ele está ilegal no país para levá-lo a leilão.

A lei boliviana garante ao Estado o direito de confiscar qualquer veículo com placa de outro país que trafegue por aqui sem a declaração.
– FIQUEM ESPERTOS! Houve um caso recentemente com motociclistas brasileiras que perderam duas motos nessas circunstâncias.
LEVEM O PASSAPORTE!!!!!! e tirem cópias autenticadas dele.
Por mais que se diga que o RG é aceito nos países do Mercosul o passaporte é o documento principal para viagens internacionais, não atravesse a fronteira sem ele, a polícia da fronteira é preguiçosa para preencher documentos!!
Lista de Documentos principais:
- RG (copia frente e verso)
- PASSAPORTE (COPIA DO CARIMBO DE ENTRADA E DAS INFORMAÇÕES DO PASSAPORTE)
- CNH (COPIA)
- COPIA DO PAPEL DE SAIDA DO BRASIL
- COPIA DO PAPEL DE ENTRADA NA BOLÍVIA (QUANDO USAR RG)
- DOCUMENTO DO VEICULO (COPIA)


COMBUSTÍVEL:
É recomendado atravessar a fronteira com o tanque cheio e todos os tanques extras possíveis também. O combustível é vendido no valor de 3x mais caro para veículos com placas estrangeiras e isso pode te pegar de supresa e atrapalhar o seu planejamento financeiro da viagem. Uma forma legal de não cair nessa é parar o carro distante do posto e encher os galões extras a pé (funcionou algumas vezes). A falta de DIESEL nos postos bolivianos é constante então encha o tanque sempre que possível e também na saída de La Paz em direção a Yungas pois não existem postos depois!!
A ROTA PARA CHEGAR A LA PAZ:
Evite trafegar a noite entre Cochabamba e Santa Cruz de La Sierra, ali é considerada a “rota do tráfico” muitos caminhões e policiais corruptos pronto para arrancar o seu dinheiro! Além de intermináveis filas de caminhões que se formam nos postos policiais.
Leve algumas camisetas da seleção brasileira de futebol ela serve de “moeda de troca” em algumas ocasiões.

ALIMENTAÇÃO:
Se alimentar durante o percurso até LA PAZ é bem complicado por conta das condições de higiene, então leve bastante ÁGUA MINERAL e alimentos que dê para serem consumidos durante a viagem.
ACLIMATAÇÃO EM LA PAZ:

Procure ficar pelo menos um dia na cidade descansando antes de sair para a Carretera Yungas por conta do SOROCHE o mal da altitude, seus reflexos precisam estar em dia para a viagem.
Masque folhas de Coca, elas ajudam e muito na dilatação e melhoram a sensação de cansaço.
Visite e “Calle de las brujas” e diga que você irá percorrer a Carretera Yungas, existe uma superstição entre os motoristas locais de se levar dentes de alho para espantar o “KARI-KARI o espírito malíguino causador dos acidentes na estrada.

Não consuma bebida alcoólica na noite anterior.
IMPORTANTE: Na própria Calle de las brujas existem empresas que fazem o serviço de transporte dos ciclistas pela estrada da morte, pergunte das condições da estrada para eles antes de sair, pois é muito comum fecharem por conta de desmoronamentos.
SAINDO PARA YUNGAS:
Verifique antes de sair a condição do tempo, procure chagar antes das 13:00hs no topo da estrada em LA CUMBRE para poder descer “sozinho” porque depois desse horário existe o tráfego das bikes e das Vans que sobem para retornar os ciclistas, e eles são bem ignorantes na direção e você estará do lado do PENHASCO sem proteção!

Não saia com tempo nublado o risco de lá em cima estar pior é bem alto e aí a viagem pode ser um pesadelo bem maior por conta da visibilidade! Além do que o tempo costuma fechar repentinamente.
Você perceberá que nessa altitude seu carro ficará mais lento e fumaçando um pouco mais do normal tudo isso devido ao ar rarefeito, não se assuste!

Lembre-se que lá é MÃO INGLESA.

DESCENDO PELA CARRETERA YUNGAS:
Trafegue bem devagar, prestando muita atenção “lá na frente”, existem determinados pontos da estrada que você conseguirá enxergar se vem outro veículo subindo. Caso aviste um subindo, pare em “local seguro” (na verdade não existem muitos) e espere ele passar. Não tente cruzar com ele em movimento, o risco de cair lá para baixo é bem alto! Você estará totalmente desprotegido, qualquer esbarrão poderá ser fatal.

A MELHOR FOTO:
A melhor foto da viagem será captada na descida no “BALCONCILLO” que é o local onde mais ocorreram os acidentes, uma curva bem sinuosa sem guard-rail e um penhasco descomunal.

TRECHOS PERIGOSOS:

Na região de San Juan, por volta do km 54 há um trecho alagado, úmido por conta de uma pequena cachoeira o solo é arenoso e é comum acontecerem desbarrancamentos, ali também houveram muitos acidentes e lá está a famosa cruz da Estrada da Morte.
NO FINAL DA ESTRADA:
A estrada termina na cidade de Coroico aos 3.500mts de altitude, uma pequena cidade de veraneio dos bolivianos, lá vc poderá encontrar alguns hotéis para pernoitar e descansar para o retorno.

A SUBIDA (RETORNO pela carretera YUNGAS):

O retorno pela Carretera Yungas é relativamente “mais seguro” uma vez que você estará “protegido” pelo barranco do lado esquerdo, entretanto é importante ressaltar duas coisas:
1- O horário do retorno, o ideal é sair cedo, (dependendo do clima) pois a tarde o movimento de ciclistas e vans na estrada é bem mais alto.
2 -Checar o clima, por ser uma região de floresta de altitude o ar frio que desce dos picos nevados chocam-se com as correntes de ar temperado que vem da floresta e estes se elevam pelas paredes verticais na face Oriental dos Andes, produzindo muitas chuvas e uma neblina intensa que se forma rapidamente, mudando totalmente o cenário do local, uma coisa é certa, é aterrorizante dirigir por ali nessa condição!

No mais é curtir o visual, sentir aquele friozinho na barriga de passar perto do penhasco aproveitar a maravilhosa paisagem local e agradecer por estar vivo!
